Usando corretamente recursos públicos

10 de Março de 2014
Jornal O Liberal

Jornal O Liberal

Rodolfo Koeppel (*)

Ao longo da vida, exercemos diversos cargos públicos. E, durante alguns anos fomos o Gerente Geral do Minas Tênis Clube. Uma grande organização, exemplar, com mais de 25.000 famílias, com uma média de 4 pessoas por família. Mais gente do que em todo o Município de Ouro Preto, em espaço físico reduzido. E com festas e atividades intensas. Gente que, retornando ao Clube várias vezes, gera uma demanda de serviços públicos superior a um milhão por mês. Haja organização, haja limpeza constante. Você não pode interromper os serviços toda hora, para fazer “manutenção”. Os conflitos de interesse são enormes – jovens, idosos, crianças, atletas, competições, festas, etc.

Deve-se destacar que uma organização como o MTC não existe em outros países. Por quê? Por que lá, os serviços de lazer são fornecidos pelas prefeituras, para todos. Não é apenas para um pequeno grupo de usuários, sem dúvidas, privilegiado. Em todas as cidades em países organizados, o cidadão tem lugar para praticar esportes e ser saudável, sem ônus. Atendê-los corretamente é um grande desafio. Em BH tem coisa boa ocorrendo: a Prefeitura colocou equipamentos para ginástica, de muito boa qualidade, nas praças públicas. Em regiões mais pobres e em regiões mais ricas. Tudo com a mesma qualidade. Um bom exemplo a ser seguido por outras administrações municipais.

E algumas coisas aprendemos ao longo da vida: as coisas públicas você deve fazer muito bem feitas. E ainda terá algumas reclamações. Se fizer menos do que muito bem feitas, só terá reclamações. Se não o fizer, será então um Deus-nos-acuda. Neste contexto, gostaríamos de registrar coisas da nossa Administração Municipal. Pois não podemos nos esquecer que vivemos na nossa cidade e não em outro lugar. Queremos ser felizes aqui e não lá.

Vamos primeiro às coisas que não são boas. Na gestão passada, fizeram a Rodoviária de Cachoeira do Campo e a Praça do Artesanato. Um sonho antigo de todos nós. Mas... contrataram serviços de péssima qualidade! Menos de um ano depois da inauguração (feita no encerrar da gestão. Você sabe por que...) os bancos onde você espera os ônibus, que eram muito frágeis, já estão todos praticamente quebrados. Pergunta: teriam sido baratos? Também o asfalto, onde passam os ônibus, já afundou em vários lugares. E os recursos que foram gastos para fazer mal feito, agora precisam ser gastos de novo, para que o cidadão tenha o respeito que merece. Como se diz: temos recursos e tempo para refazer mil vezes, mas não temos recursos e tempo para fazer bem feito, uma única vez e de forma duradoura.

Agora vamos à coisas boas: na subida para o Alto do Beleza, em Cachoeira do Campo, a PMOP fez, do lado esquerdo de quem sobe, a faixa para pedestres, cimentada, limpa. Uma obra correta, de respeito ao cidadão. Antes, o cidadão tinha que subir andando pela rua, correndo o risco de morrer atropelado. Do lado direito, há um retrato de outra realidade. Não será possível, jamais, fazer passeio ali, pois os moradores construíram sobre o meio fio. Lição a ser aprendida: se as autoridades municipais não organizarem e ocuparem os espaços públicos antes, o cidadão “privatiza” estes espaços. E, depois, danem-se os demais.

Há outras coisas boas sendo feitas. Ou seriam ruins? Pois há várias polêmicas com relação as novas praças que o Prefeito José Leandro está demarcando e construindo em Cachoeira do Campo e outros distritos de Ouro Preto, protegendo históricos chafarizes na região. Mas há um conflito: o cidadão, enxergando apenas o próprio umbigo, quer ter lugar para estacionar o seu carrão. Dane-se o espaço público. Temos argumentado com todos que deve-se reservar o espaço público para o uso público. (Óbvio, não? Mas não é...) Este é o caminho do futuro com qualidade.

Se cada um cuidar da sua praça, da sua árvore, do seu passeio, em poucos anos nossas cidades serão mais aprazíveis e teremos enorme prazer em ali morar e ver as árvores que plantamos ficarem majestosas. Basta ver a secular paineira, toda florida nesta época do ano, na entrada de Cachoeira do Campo. Não há uma pessoa que não se emocione. Por que não plantamos mais árvores? Por que não reservamos mais espaços públicos? Em poucos anos, nossos netos nos agradecerão. E nós, lá do alto do Céu ou das profundezas do Inferno, ficaremos felizes. É que todos nós merecemos. Aqui e lá.

(*) Rodolfo Koeppel é morador em Glaura. Ele está organizando, na região, o programa TOP – Trilhas de Ouro Preto. Vide www.trilhasdeouropreto.org

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