Utopia, aspiração impossível?

29 de Junho de 2015
João de Carvalho

João de Carvalho

DEFINE-SE utopia como o sistema econômico, social e político que, por perfeito e ideal, não se encontra em nenhum lugar. Deriva esta palavra de “u” (negação) e “topos” (lugar). Entende-se também como “qualquer aspiração, ideia ou projeto fantástico e impossível de realizar. Esta palavra pode e deve caber na cabeça de qualquer pessoa, seja rica ou pobre, branca ou negra, forte ou fraca, bonita ou feia, grande ou pequena. É um termo tão forte e expressivo que muita gente o confunde com fé, esperança, desejo, meta, fim. Cada umas destas palavras plenas de força, ricas de sentido, cheias de significado, não têm a mesma gênesis da palavra utopia, nem seu alcance sociológico, filosófico, econômico, político ou religioso. Aqueles termos satisfazem a ânsia da busca porque são todas vividas com intensidade, porque são visadas com forças imediatas da mente ou do coração. São em suma exercitadas, cotidianamente, como expressão da alma, do coração repleto de confiança na sua realização. É quase um fim primeiro. Ao passo que a utopia é uma aspiração real, mas impossível”.

A UTOPIA tem a ver com algo imaginário, futurista, sonhador. “A utopia é a imaginação criadora, exigente, que faz presente o futuro real, a partir do presente passível de ser transformado e melhorado. Há diferença entre profecia e utopia. Aquela é a visualização do não sabido, do desconhecido. A imaginação utópica é a projeção do não sabido, do desconhecido. Podem ser chamados de utópicos livros como: A República de Platão; Os Atos dos Apóstolos, da Bíblia; A Utopia de Tomás Morus; A Cidade do Sol de Campanella; Icaria de Cabet” (Sociologia Crítica, 35ª. Edição, de Pedrinho A. Guareschi, pág. 120/122). Como estes há outras obras que gozam da força da utopia, que extrapolam a realidade e joga a mente para o futuro, o imaginário, o sonho. “A primeira grande utopia moderna é a Utopia (1516) do inglês Tomás Morus, francamente socialista e pacifista. O livro, um dos mais importantes da literatura inglesa, foi, porém, escrito com muita ironia, o que o tornou capaz de ser interpretado de várias maneiras. Por isso mesmo, seu autor, embora canonizado em Roma como Santo da Igreja Católica, tem uma estátua em Moscou. Além da obra de Tomás Morus, são dignas de nota várias utopias dos séculos XVII e XVIII, especialmente, A Cidade do Sol, do filósofo herético italiano Tommaso Campanella” (Barsa, vol. 13, pág. 414).

EM SUMA, a palavra que mais se aproxima do termo utopia é esperança, porque ambas trazem em si o princípio de que “aquilo que não é, não existe agora, mas pode vir a ser, tornando realidade presente aquilo que precisa acontecer. A utopia luta pela materialização de um desejo premente” (ibidem)! A juventude materializada no jovem tem que sonhar, tem que ser utopista, tem que lutar para conseguir seus sonhos, ainda quando parecem utópicos. Não podem os jovens se satisfazerem apenas com os bens materiais, que enganam a mente e o coração. É preciso sonhar alto e lutar pelos seus ideais, ainda que distantes e quase impossíveis. Viver é lutar. A vida é luta renhida que apenas aos fracos abate, aos fortes jamais. O sonho social ainda não foi realizado, porque é utópico, continua um ponto de chegada, de conquista, de futuro!

Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook