Vade retro satanás!

27 de Maio de 2014
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

Passada o recreio, é hora de soltar os cachorros! O recreio foi evento programado e anunciado com bastante antecedência, muito além do prazo costumeiro nesta região. E os cachorros são soltos contra o titular da Secretaria Municipal de Turismo, Comércio e Indústria, de Ouro Preto, a quem coordenadores do mesmo evento dirigiram, com mais de dois meses de antecedência, solicitação formal de apoio, como é costume fazer-se para a realização de eventos socioculturais populares.

Para maior exatidão, a solicitação dirigida àquele titular, protocolada, dia vinte e quatro de fevereiro último, foi respondida dia vinte e dois de abril, na semana do evento programado. A resposta, negativa, diga-se de passagem, não foi dada diretamente aos solicitantes, mas, aos seus comandados, dentro da dita secretaria, com a instrução para que encaminhassem a solicitação à Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio. Mas não foi só isso.

Antes, junto ao Departamento de Eventos, foram colhidas informações sobre o silêncio ao pedido. E o responsável pelo setor, ao qual se agradece a atenção dispensada, constatou que nenhuma solicitação constava de sua agenda, o que gerou consulta sua junto ao gabinete do secretário. Foi-lhe dito, que o pedido teria sido repassado à Secretaria de Cultura e Patrimônio. O mesmo funcionário ligou, no mesmo instante, a diversos setores da Secretaria de Cultura, obtendo resposta negativa quanto ao recebimento da dita correspondência. Diante disso, o mesmo funcionário, de posse da cópia do documento com o carimbo do protocolo de recebimento, prometeu que receberia os solicitantes logo após a Semana Santa, à qual se seguiu o feriado do “Vinte e Um de Abril”.

No dia vinte e dois, soube-se, então, do veto negativo ao apoio solicitado, seguido do repasse à Secretaria de Cultura e Patrimônio.

Pergunta-se: por que o secretário segurou a resposta até à última hora? Antes do encaminhamento do pedido, informações foram buscadas na própria secretaria de Turismo quanto ao apoio necessário, pois havia dúvida se o caso seria para o Turismo ou para a Cultura. A orientação recebida foi que pedido formal deveria ser dirigido diretamente ao titular do Turismo, secretaria à qual está vinculado o departamento de Eventos. Por que não foi encontrado o documento no Turismo, onde foi protocolado pela solicitante e nem na Cultura, para qual se informou ter sido repassado, antes da decisão final?

Ao se anunciar, no início da atual administração municipal, o desmembramento da então Secretaria de Cultura e Turismo, poucas não foram as dúvidas e críticas levantadas em torno da medida, denunciada como política e prevista como ineficaz, se não maléfica, especialmente ao setor cultural. Mas o episódio atual não pode ser debitado unicamente ao desencontro dos trabalhos que, antes, se mesclavam, na antiga secretaria. Incompetência também se descarta, lembrando que o detentor do cargo é empresário bem sucedido e calejado nas manhas e artimanhas em gerenciamento. Diante disso, só resta a pensar que se trata de pura maldade, própria de espírito-de-porco que, eventualmente, tem o poder nas mãos! Esperar dois meses, para dizer não, da secretaria a promotores de evento apoiado no ano anterior, não é simples questão administrativa, sabendo-se que a mesma secretaria de Turismo dá apoio mais pesado a outros eventos.

Direito, o cargo ocupado não lhe dá. Todavia, se tivesse respondido, imediatamente, à solicitante: “eu não gosto de vocês”; “detesto banda de música” (a solicitante); ou “quero que Cachoeira do Campo se dane e, por isso, veto o apoio desta secretaria ao evento pretendido” teria causado violento choque, mas outros caminhos a solicitante teria encontrado para a realização do evento, pois, tempo ainda havia. Entretanto ele preferiu o descaso, aguardando o último momento para dar sua negativa.

Contudo, é bom saber que, enquanto o diabo cisca e destrói, o anjo planta e constrói!

E, em se tratando da administração municipal, a ética recomenda que justiça se faça, publicamente, ao setor de Comunicação, de onde se esperava estudo para produção do cartaz de divulgação do evento. Na contramão da decisão retardatária e negativa do secretário de Turismo, a responsável pelo setor Comunicação forneceu os cartazes impressos, prontos para a distribuição, além de inseri-lo em jornal local, fato que contribuiu para que o evento não fosse cancelado, ainda que extremamente prejudicado em sua realização.

Ficou a lição para que não mais se recorra ao dito secretário!

Vade retro, satanás! T’esconjuro, três vezes!

Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook